quinta-feira, 1 de julho de 2010

Esperar dá muita ideia

Isso aconteceu em 2005.

Eu e Aline estávamos no colégio, à espera da aula de inglês, quando decidimos ir ao cinema. Como nossas mães trabalham no mesmo colégio, precisávamos de uma boa desculpa para gazear a aula, ou seja, fazer trabalho na casa de uma colega. Desculpa clássica. A gente pretendia assistir a algum filme lá no Empresarial Trade Center (ETC), na Rosa e Silva. Então, dissemos à minha mãe que a suposta colega morava lá perto. Às 18h, ela passaria no ETC para buscar a gente.

Saímos do colégio às 14h, mais ou menos. Fomos até a Rosa e Silva andando, para economizar dinheiro. Chegamos ao ETC, compramos as entradas do cinema, esperamos. Mas essa história de ficar esperando sempre fazia com que a gente tivesse muitas ideias. "Vamos gazear aula para ficar dentro do cinema?", pensamos. Queríamos trelar mais. Resolvemos bater perna. Mas, antes disso, precisávamos recuperar o dinheiro das entradas. Era o único que a gente tinha. Na frente da bilheteria, Aline pega o celular e finge falar com o pai, demonstrando desespero ao "saber que teria que ir embora e não assistir ao filme". Em seguida, com a funcionária da bilheteria:

- Moça, nós precisamos ir embora. Queremos devolver as entradas.

- Nós não aceitamos devoluções. Vocês podem trocar o dia da sessão.

- Mas a gente mora longe, é complicado vir até aqui...

- Vocês vão ter que resolver isso com o gerente, então.

- Ok, chama o gerente.

(Tenso)

O gerente veio. Fizemos drama, insistimos, insistimos... Eles devolveram o dinheiro. A gente só não tinha percebido que, a essa altura, já tava tarde para bater perna e voltar antes da minha mãe chegar. Quase 17h.

- E agora, o que a gente faz?

- Bora ficar aqui no ETC mesmo...

- Não rola, pô. A gente fez uma confusão danada porque tinha que ir embora! Vão perceber que era mentira.

Ficamos na rua. Mas se você acha que não dava para ser pior, está muito enganado - começou a chover. Nos abrigamos embaixo de um orelhão. Ainda faltava 1h para a minha mãe chegar.

- A gente só leva fumo! - Aline começou a reclamar, como sempre. Dessa vez era eu quem só conseguia rir.

Tivemos uma ideia genial: apelar para um amigo que morava ali perto. Praticamente forçamos a porta da frente da casa dele. Fizemos hora e voltamos para o ETC. Minha mãe chega:

- E aí, conseguiram terminar o trabalho?

A gente nem respondeu.


Lopes (com algumas observações de Aline Alves)

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